Sabendo que a realidade não é o que deveria ser. Quando divide as ciências das coisas que são (físicas, da natureza, etc) das ciências das coisas que deveriam ser (ciências sociais), o autor acredita que, em relação à sociedade e aos modelos de convivência que adotamos, muito se pode fazer a partir dos nossos constantes avanços em matéria de conduta ética. Ao contrário das ciências que são o que são, e que não se podem alterar.
Ao discorrer os sete matizes da ética, a saber: Moralidade, Eticidade, Deontologia, Legalidade, Legitimidade, Altruísmo e Urgência, o artigo convida o leitor à reflexão de como o ‘ser ético’ inicia no compromisso de cada um para o bem de todos, seja num contexto particular, social ou muito específico (moral, ética e deontologia), submete-se à lei (legalidade) e a – condiciona quando é legítimo (legitimidade), e por fim atinge nuances máximas que transpassam além da norma e do dever; estamos falando da responsabilidade social (altruísmo e ética da urgência). Trata-se da ética por amor, pelo amor ágape. A explicação é dada por F. ALBERONI, na qual o amor - eros é motivado passionalmente ou racionalmente, e o amor ágape prescinde do valor, é espontâneo e sem motivo.
Dessa forma, Luiz Martins justifica a defesa da máxima bíblica como ponto de partida para seu artigo e ainda convida o leitor a diagnosticar-se e refletir até que ponto cada indivíduo se considera ético. Os matizes são descritos e posicionados num quadro sinóptico de forma hierárquica, como numa escala evolutiva; Pontuando as esferas de atuação, sempre de um contexto menor para o de maior abrangência.
Referências:
TIBURI, Márcia. A Ação e sua prostituição. Revista Cult, edição 148, jul/2010.
Márcia Tiburi no artigo A ação e sua prostituição parte do princípio de que o futebol parece ser mais importante para a esfera pública do que o político. E por isso, discorre daí sobre o seu potencial pedagógico na política do nosso país, acrescendo como a publicidade prostitui a ação política quando ‘cria’ políticos éticos, quando, na verdade eles não existem.
É num jogo de futebol que a autora acredita haver um excelente retrato da ética, com o qual podemos aprender, pois “ele envolve a responsabilidade de sustentar as regras dos nossos próprios jogos”, ao contrário do que acontece na política.
Quando falta a ética, não temos mais o político, só a política como terra de ninguém. E se no jogo de futebol as penalidades são aplicadas mediante as regras respeitadas por todos, na política não é assim. A publicidade dirige o comportamento dos partidos e, apostando contra a lei, torna-se soberana às regras: Desrespeitando o regulamento e mandando no jogo.
Todavia, também o caráter pedagógico- político do futebol é minado pela publicidade. Segundo Márcia, a lei de Gerson que postula ‘o importante é levar vantagem’ deveria ser chamada de a “lei do publicitário” e logo conclui que a lei de Gerson é o que impera na ausência da lei. Ambas as esferas, política e futebolística, têm dimensões similares, porém, a política com base empobrecida pela corrupção dá a sensação de coisa falsa, enquanto no futebol de experiência verdadeira.
Diante de uma comparação tão simples, a colunista consegue demonstrar o quão defasado está a ética na política do nosso país. A reflexão está principalmente na atuação da publicidade em questões sócio-culturais, transitando na esfera pública com passe livre e carta branca, com um poder legitimado e concedido pelas massas, tratadas como ignorantes.
Eticamente ou não, é certo que no topo da pirâmide sempre há a defesa dos interesses da minoria hegemônica, com apetite voraz capitalista e antidemocrático.