Divina Flor sentia uma certa excitação em relação a vitima. “Santiago Nasar causava nela uma ansiedade prematura” que a fazia dizer: “Não nasceu outro homem como aquele”.
Diferentemente de sua mãe, alegava que ainda era muito nova, por isso não foi capaz de tomar uma decisão própria.
Clotilde Armenta, a dona do negócio, assim que o viu, de matutina, disse que Santiago “já parecia um fantasma”. Quando os gêmeos contaram-na que iriam matar Santiago ela logo foi acordar o marido (Dom Rogélio de la Flor), que meio adormecido resmungava “não seja boba, esses dois não matam ninguém”.
Mesmo tendo dito a todos os que pôde para preveni-lo onde vissem, ela não se importava tanto com o fato, mesmo tendo acompanhado cada olhar dos gêmeos, “eles olhavam com pena”,e , por isso, em segundos já esquecia do que viria a ser consumado.
Dom Lázaro Aponte, coronel de academia, falava que tinha razões muito fortes para acreditar que Santiago não corria risco. Mesmo assim, diferente das personagens anteriores, assim que deu de encontro com os gêmeos, lhes tirou as facas e os mandou dormir.
Dizia que não se prendia ninguém por suspeita, que a única solução seria prevenir Santiago Nasar. Além disso, já havia cuidado de tantas brigas na noite anterior (no casamento de Ângela Vicário) que resolveu, então, dar-se um tempo de calmaria, não se preocupou em se apressar para mais uma. Por isso “vestiu-se com calma, refez várias vezes a gravatinha borboleta e pendurou ao pescoço o escapulário da Congregação Mariana para receber o bispo.”
Padre Carmen Amador assim que o viu são e solto, pensou que tudo havia sido uma mentira.
Margot, irmã do narrador, logo responde que “se tivesse sabido, o teria levado para casa mesmo que fosse amarrado” e “por mais que virassem essa história do direito e do avesso, ninguém podia (...) explicar como foi que o pobre Santiago Nasar acabou metido em tal complicação”.
Já a mãe de Margot ficara perplexa com o boato. Então logo se levantou para prevenir sua “comadre” Plácida. Ficava inconformada com o fato de todos saberem menos Plácida Linero, mãe do jovem com o destino traçado.
Leandro Pornoy, o policial de Manaure, nada fez. Apenas avisou ao coronel a intenção do gêmeos, como se ele não também não devesse impedir a tal fatalidade.
A mãe de Prudência Cotes não tinha nenhuma objeção a fazer, inclusive transparece parcialidade ao concordar que os irmãos não tinham tempo pra um café, afinal, “a honra não espera”.
Prudência de Cotes, também parece ser, em parte, a favor do assassinato. Não necessariamente da morte de Santiago, mas sim da coragem e honra de Pablo Vícário. Inclusive, ela “não só estava de acordo, mas nunca teria” se “casado com ele se não agisse como homem.”
Yamil Shaium “foi o único que fez o que queria fazer” Assim que soube do rumor foi em busca de Santiago Nasar.
Cristo Bedoya passa a manhã com Santiago, mas apenas é informado sobre o programado depois de Santiago dobrar a esquina e lhe acenar, pela ultima vez.
Flora Miguel havia um romance com o falecido. Soube do boato de que quem havia desonrado a noiva de um dia (Ângela Vicário) fora ele. O mexerico a deixou completamente controlada pela cólera, chegando a desejar a morte do próprio amado.
Pedro Vicário, irmão gêmeo de Pablo, é quem dá a primeira facada no desgraçado. “o primeiro golpe de Pedro Vicário ... o atacou pelo lado direito com a faca reta e tentou acertar de vez o coração do escolhido, mas pelo costume de matar porcos, “procurou-o quase na axila, onde o têm os porcos“.
Pablo Vicário assusta-se assim que vê Santiago bem em sua frente, teve uma impressão de que o infeliz era duas vezes maior do que se lembrara. Além de seu medo, Pablo confessa que é inimaginável difícil matar um homem.
É dito, em várias partes da obra, que seria impossível um assassinato realizado pelos irmãos. Pedro e Paulo rejeitavam-se a comer a carne dos bichos que matavam, e muito menos conseguiam sacrificar uma vaca que tivessem conhecido antes.
Santiago e os irmãos eram bons conhecidos, na noite anterior haviam ficado até altas horas da matina se embriagando, conversando e rindo. Por isso se torna impossível acreditar que foram os gêmeos que tiraram sua vida.
Em fato foram os gêmeos que assassinaram Santiago, mas com um objetivo: matar em busca da honra sua irmã, Ângela Vicário. O crime anunciado era o mesmo que um crime em defesa da honra, uma vingança, uma obrigação, um valor social.
Todos os moradores do espaço focalizado já haviam sido informados do que viria a ocorrer. “Mas a maioria que dos que puderam fazer alguma coisa para impedir o crime e, apesar de tudo, não o fizeram, consolou-se com o invocador o preconceito de que questões de honra são lugares sagrados aos quais só os donos da trama têm acesso” e assim como a mãe do narrados diz “a honra é o amor”.
A influência dada aos irmãos era o amor sentido. Mesmo assim, tentaram de tudo para não executarem o ato da morte de Santiago Nasar, alertaram a todos do que viria a acontecer. O narrador aponta que “os primeiros fregueses eram escassos, mas vinte e duas pessoas declararam ter ouvido tudo quanto disseram, e todos concordavam na impressão de que disseram com o único propósito de serem ouvidos”, o que não é de tudo verdade. Os gêmeos pediam ajuda, pediam que alguém tomasse alguma atitude perante o que viria acontecer. Queriam que alguém prevenisse Santiago Nasar para que este pudesse fugir ou até mesmo que o coronel viesse impedi-los com cometer tal crime. Mas ninguém nada vez e romance caminha para o final trágico.
Outra grande influencia é a opinião alheia, o olhar do outro que, conforme alguns conceitos presente define a honra. Em razão disso, coube aos gêmeos a “obrigação” moral e social de resgatar a honra que a irmã perdera. O sentimento de dignidade e honestidade moral. E a eles a glória e estima que acompanham a virtude e o talento, como uma homenagem e motivo de admiração. Uma relação pessoal do indivíduo consigo mesmo, uma espécie de “auto-imagem”.
Conclusão
Concluo então que a sociedade e suas regras podem sufocar as pessoas, assim como todos esperam a vingança da família, esperam um certo tipo de postura e os gêmeos, que são bom, se vêem sem escolha, não podem fazer mais nada do que se espera que façam, lavar a honra de sua irmã. Acontece, também, que em toda a “maquinação” social existe o dever de fazer a coisa certa e o prazer de se deleitar com a desgraça do outro.
Respondendo minha Research Question “Quem matou Santiago Nasar?” digo que o verdadeiro causador dessa morte anunciada foi a honra, a sociedade, os costumes da época em que viviam. Ou seja, nada mais restava aos gêmeos e nada restava a população. A honra deveria ser colocada em primeiro lugar, onde ninguém poderia intervir no que devia ser feito, e os irmãos não podiam deixar que ela fosse, perdida, esquecida. A sociedade da época exigia que a mulher fosse virgem para que pudesse usar o sagrado vestido branco.
Sendo assim, o autor explora a idéia de que alguns costumes, crenças, preconceitos e o individualismo podem prevalecer, muitas vezes, sobre sentimentos como solidariedade, amor, dentre outros, e que, dessa forma, confundem criando uma inversão de valores a ponto de se tornarem mais relevantes ao homem do que sua própria vida.
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