O presente trabalho tem como objectivo a elaborao de um texto pessoal sobre um ou mais aspectos do texto apresentado.

Authors Avatar
Introdução:

O presente trabalho tem como objectivo a elaboração de um texto pessoal sobre um ou mais aspectos do texto apresentado. Apesar do tema principal deste trabalho ser as religiões (e as Igrejas) em crise, de forma explícita e implicitamente, inevitavelmente abordarei os vários parágrafos do texto, dada a sua inter-relação óbvia e determinante para uma melhor compreensão e percepção destas mudanças de religião, nas suas práticas e novas perspectivas. É, pois, evidente o aparecimento de cada vez mais novas práticas religiosas e o facto das instituições religiosas tradicionais e as suas práticas estarem cada vez mais desacreditadas e ultrapassadas.

Toda esta problemática actual se traduz numa crise das instituições, quanto ao seu fundo teológico e ao papel social por si desempenhado claramente alterados. Esta nova era de novas tendências religiosas não é mais do que um reflexo das mudanças sociais e culturais das sociedades modernas e globalizantes.

Num mundo marcado por profundas transformações socio-políticas, económicas, culturais, o universo social é profundamente abalado. O desenvolvimento de instituições sociais modernas e a sua difusão pelo mundo criaram grandes oportunidades, mas também uma grande insegurança. Milhões de pessoas são afectadas pela descontextualização dos sistemas sociais e cada vez mais se afastam das doutrinas teológicas tradicionais e práticas dogmáticas das religiões tradicionais.

Ao longo dos tempos, a religião sempre serviu de refúgio para os homens. Os rituais religiosos primitivos constituíram-se em algumas das primeiras formas de comunicação social, o que foi preservado e acentuado por todas as religiões e igrejas modernas. Porém, apesar da sua aparência magnânima, muitas vezes a religião foi utilizada como pretexto para a tomada de territórios e mentalidades. Hoje, a religiosidade permanece indissociável ao ser humano e a sede de poder continua associada aos líderes mundiais. As disputas e as guerras religiosas mudaram de fisionomia e o campo de batalha e as armas foram substituídos pelos discursos preparados e propagados através dos meios de comunicação social. Mas, todo este conjunto de identidades e lealdades religiosas está a mudar.

É, portanto, imperativo, reflectir sobre a realidade complexa, com vista à construção global contemporânea, de onde as transformações religiosas são um reflexo primordial para esta percepção de mutação cultural e social. A compressão do tempo e do espaço e as diversas mobilidades fazem surgir uma cultura global. Esboça-se uma sociedade diversificada e em mudança vertiginosa, defensora de alternativas, quer a nível político, institucional, económico como religioso. Tendo como exemplo mais o catolicismo português, ao longo deste trabalho, vou debruça-me essencialmente sobre a religião católica e a sua crise interna, abordando, por outro lado, as várias tendências religiosas e institucionais, de um ponto de vista teológico e social.

O individualismo numa era de mudanças culturais e sociais

O ser humano está inserido numa sociedade que apresenta um constante processo evolutivo em todos os domínios- económicos, políticos, demográficos, tecnológicos, geográficos, socioculturais- que se traduzem inevitavelmente na evolução religiosa e transformações nas práticas religiosas de actualmente. Neste sentido, poder-se-á considerar que a religião é mais um produto da sociedade do que a sociedade é fruto da religião vigente. Pode até afirmar-se que cada sociedade ou comunidade institucional adopta aquela religião que mais lhe convém, em que se uma muda a outra forçosamente acompanha esta mudança - "A sua teologia foi um produto das culturas para responder às respectivas necessidades (étnicas, nacionais, históricas").

Na actualidade, quando uma sociedade se depara com qualquer tipo de mudança, ou seja, qualquer alteração estrutural ou funcional que se verifica numa organização social ou na organização mental dos indivíduos, encontra, por conseguinte, mudanças que implicam alterações nas estruturas, nos comportamentos, nos valores, nas atitudes e, consequentemente, na cultura existe nesse dada organização social. Esta mudança faz-se de forma constante e global, que se traduz num fenómeno internacional de globalização económica, política e cultural. Este processo de socialização realiza-se sempre enquadrado num determinado contexto socio-estrutural, cuja a análise micro-sociológica do processo de interiorização deve ter sempre em atenção uma compreensão macro-sociológica dos vários aspectos da estrutura social em que se desenvolve, é fundamental, uma compreensão do social onde ela surge.

A identidade surge, neste contexto, de uma relação entre a sociedade e o indivíduo sendo construído por processos sociais, face a uma determinada realidade subjectiva, que são condicionados pelo contexto socio-estrutural onde se desenvolve. No entanto, as identidades formadas pela interacção da consciência individual e da estrutura social podem, contudo, manter ou remodelar ou alterar a estrutura social apresentada. Determinadas estruturas sociais produzem tipos de identidades que podem ser identificados em casos individuais. Isto traduz-se em diferentes tipificações de identidades que variam de indivíduo para indivíduo, face ao contexto socio-estrutural onde se enquadra. Estes tipos de identidades são, pois, produtos sociais, ou seja, trata-se de uma identidade enquanto fenómeno social.

Nas sociedades contemporâneas, deparamo-nos com características de um individualismo gradual. Isto é, a modernidade actual dita ao indivíduo um destino que é o de confrontar-se consigo próprio. Durante muito tempo a referência ao colectivo foi um meio fundamental da satisfação das necessidades individuais. Cada indivíduo tinha a impressão de que as normas sociais e as instituições o serviam e ajudavam a encontrar o seu lugar. Hoje em dia, há cada vez menos possibilidade de contar com uma acção colectiva para a resolução das dificuldades de cada um, ou para a defesa das suas reivindicações. A pertença a um grupo deixa de estar presente para dar sentido ao indivíduo, o que se traduz numa pressão mais forte sobre cada um de nós. Vivemos numa sociedade global onde o indivíduo terá de ser cada vez melhor e com um constante auto-estima, quer no aspecto pessoal como no profissional.

Actualmente, participar enquanto indivíduo na vida social significa o cada vez menos ser conformista com normas e papéis pré-determiandos. Os valores sociais da cultura dominante são os da flexibilidade, do risco, da complexibilidade, da incerteza, da disponibilidade para a comunicação permanente e de uma capacidade constante de se adaptar a diferentes postos de trabalho. Neste contexto, o indivíduo vai entrar em conflito com a sua própria identidade, dado que esta se deve caracterizar como estável, em que os comportamentos ao serem orientados por valores não se modificariam a todo o momento. Perante toda esta conjuntura de mutações culturais, entre outras, os indivíduos cada vez mais vão questionar a religião e as suas práticas e princípios doutrinários, o que pressupõe uma gradual crise nas instituições e dogmas teológicos.

A religião ao longo dos tempos, na sociedade contemporânea e tendências actuais do fenómeno religioso.

Ao longo dos tempos, a religião de forma directa ou indirecta sempre manteve uma relação próxima, de interdependência e de coexistência com o contexto sociocultural. Os fenómenos Religião e cultura sempre estiveram e ainda continuam a estar interligadas. Obviamente a relação entre ambas varia de cultura para cultura: por exemplo na América Latina a religião apresenta-se como uma fonte de inovação ao passo que nos países árabes, onde vigora o Islamismo, a religião assenta num factor de conservação da tradição; em países ocidentais, como é o caso português, assiste-se cada vez mais a um afastamento da instituição eclesiástica maioritariamente existe que é o catolicismo (é aqui importante reforçar que este trabalho tem vindo a ser e vai basear-se essencialmente na religião católica, tendo como exemplo próximo o caso de Portugal).

Na passagem da Idade média para o Renascimento começa a acentuar-se a crítica à religião. Mais perto de nós, as grandes transformações socioculturais do mundo ocidental podem traduzir-se em factores como o processo de racionalização e cientificação dos conhecimentos, que se traduz num desencantamento do indivíduo, do mundo, da história (a morte de Deus). Em oposição surge a recuperação de factores extra-racionais e uma forte crítica à racionalidade e à ciência, aumentando por outro lado, movimento carismáticos e espontâneos religiosos, quer dentro, quer fora da igreja. Outro facto a evidenciar é a autonomização do temporal até à contraposição ou mesmo negação do sobrenatural. Com ela se relaciona o aparecimento do "espírito laico" e a especificação institucional da sociedade a respeito da religião, e do Estado a respeito da igreja. Ainda a salientar as contradições históricas do religioso. As guerras religiosas, Inquisição, Giordano Bruno (filosofia), Galileu (ciência). Surge também a necessidade de situar no tempo a instrumentalização da religião nos processos de conquista socio-política ou de colonização (cultural) com o pretexto de difusão da fé. Existem ainda outros fenómenos mais recentes que tiveram influência para caracterizar este novo período moderno, a saber: a industrialização e a urbanização; tendência a desautorizar as instituições tradicionais; movimento pendular entre ideologia liberal e colectivista; pluralismo teológico e ideológico; tiveram influência sobre a transformação sociocultural e sobre o modo de explicar o mundo e a religião.

As tendências actuais do fenómeno religioso, podem reduzir-se, segundo alguns autores, em três grandes domínios: diminuição ou progressiva marginalidade; persistência no tempo; nova criatividade e relativa resposta às novas exigências religiosas:

- Tendência para a diminuição: Dedica-se menos tempo às actividades e manifestações religiosas. A dimensão religiosa não consegue ser elemento de integração da existência. A religião perde o monopólio de dar "significado" e "legitimação" à existência. Verifica-se assim uma maior concorrência das várias ideologias, acentuando-se também a liberdade e responsabilização do indivíduo em detrimento da moral institucionalizada;
Join now!


- Tendência para a persistência: é uma manifestação do uso da liberdade, em que não há sanções da parte do Estado. Purificam-se as motivações, mas apesar de tudo na prática ainda se assiste em larga medida: Baptismo, Primeira Comunhão, Casamento religioso, frequência da missa, peregrinações, festas, etc. Neste sentido, pode continuar a persistir grupos que matem princípios, normas, valores, cuja origem é religiosa, como são exemplos a pecabilidade, perfectibilidade, amor ao próximo, perdão, rejeição da violência, etc;

- Aparecimento de novas perspectivas: Aparecimento de novos movimento religiosos, novos líderes carismáticos, que criticam as religiões tradicionais, o que ...

This is a preview of the whole essay