O Poder segundo Foucault

Álvaro Jorge Albuquerque

Mestrado em Gestão de Informação

Disciplina: Fundamentos de Gestão

Docente: Prof. Manuel Graça

Body word count: 2072

8-Abril-2003


Indice


Introdução

Foucault, na sua obra, faz uma abordagem à história ao nível das práticas sociais, suas evoluções e transformações, que estão na génese de certas formas de ser do indivíduo (Graça, 2004).

O papel do indivíduo, na obra de Foucault, assume uma dimensão diferente da de outros pensadores. Foucault procura revelar como é que o indivíduo emerge como tal (Graça, 2004).

Segundo Amy Allen (2002), “for Foucault, individual subjects/agents don’t come into world fully formed; they are constituted in and through a set of relations, all of which (...) are imbued with power. (...) They are subjected to the complex, multiple shifting relations of power in their social field and at the same time enabled to take up the position of a subject in and through those relations”.

No estudo de Foucault, a questão essencial não é a investigação sobre a natureza do poder. O essencial é a compreensão das relações humanas investigando as ligações de poder nessas relações numa abordagem socio-histórica (Callero, 2003).


O Poder segundo Foucault

O Diagrama da Disciplina

A concepção de disciplina de Foucault é apresentado em “Discipline and Punish” como uma multiplicidade de técnicas menores de repressão que, tomadas em conjunto, constituem um dos múltiplos esquemas para exercer poder sob certas condições sociais históricas (Bogard, 1991).

Segundo Bogard (1991), referindo-se a “Discipline and Punish”, estas técnicas menores (as disciplinas) estudadas ao longo da história, vêm a produzir um “modelo de um método geral” de dominação. Foucault apresenta quatro desenvolvimentos históricos convergentes: o surgimento de uma “anatomia política” do corpo; a difusão de mecânicas de normalização e individualismo; e vigilância panóptica.

A “anatomia política” do corpo

Foucault observa a partir do séc. 17, um conjunto de forças juntam-se em torno do corpo de forma a aumentar o seu poder e capacidade de trabalho. Micro-físicas de espaço distribuído, movimentos em série, comportamentos combinados e elencados, etc., passam a ser organizados de forma a transformar o corpo em máquinas produtivas obedientes, económicas e eficientes.

Normalização

Este “modelo de um método geral” de dominação, segundo Foucault pressupõe a necessidade de normalizar os comportamentos dos indivíduos, alinhar estes comportamentos pelo que é considerado normal pela sociedade. Neste sentido, desenvolveram-se técnicas para treinar indivíduos e para medir a sua conduta relativamente às normas.

A tese de Foucault é que as sociedades ocidentais podem ser caracterizadas como disciplinadoras e que a disciplina, como estratégia para normalizar a conduta do indivíduo, tem sido a formula geral de dominação nessas sociedades.

Individualismo

Associado à normalização, Foucault observa valores Humanistas em práticas de individualismo pelas quais eram distinguidos os indivíduos em função do desvio relativamente à norma. As penas aplicadas passam a ser administradas de forma individualizada com atenuantes ou agravantes em função de antecedentes criminais e circunstâncias.

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Vigilância Panóptica

Por de trás de tudo está a figura do Panóptico, o ideal de prisão de Bentham que se baseia na arte da vigilância discreta, cujo princípio é impor uma forma particular de conduta.

 “...o Panóptico... é o diagrama do mecanismo de poder reduzido à sua forma ideal; o seu funcionamento, abstraído de qualquer obstáculo ou resistência, representa a figura de tecnologia política que pode e deve ser desligada de qualquer uso específico” (Foucault, 1979).

Este diagrama abstracto é um modelo disciplinar de controlo que induz no indivíduo uma progressiva domesticação que interioriza a ideia que está a ser ...

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